Dois anos do crime socioambiental da Vale em Brumadinho

Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

Completamos nesta segunda-feira, dia 25 de janeiro de 20121, 2 anos do crime socioambiental da Vale em Brumadinho. A destruição, as mortes e a impunidade são as maiores marcas. Impunidade essa que não é só criminal. Esse texto é para entendermos o que significa a mineração no nosso país e as responsabilidades por Brumadinho, para além dos crimes e reparações jurídicas.

Em 1993, o Brasil extraía cerca de 150 milhões de toneladas de minério de ferro. Já em 2018, foram extraídas cerca de 450 milhões de toneladas. O modelo neoliberal reverteu a nossa economia para uma situação primário-exportadora. Minério é finito e não renovável, não tem 2ª safra.

A destruição do Cerrado e da Amazônia tem a ver com isso, porque é a expansão da fronteira “produtiva”. Ferro, petróleo e agropecuária se tornaram a locomotiva do (des)envolvimento. A saída da Ford, a desindustrialização, também tem relação com isso. Trocamos o ferro por chips.

Pior, a privatização da Vale e a desregulamentação do setor mineral deixaram a estratégia de negócios na mão do setor financeiro. São Fundos de Pensão, Bancos e Fundos de Investimento (como o BlackRock, dos EUA, que já detém mais de 5% das ações da Vale).

O capital financeiro põe dinheiro pra pegar mais dinheiro. Mas isso significa que não tem estratégia nacional. Não querem saber se tem rio, se tem povos no caminho, querem mais dinheiro a qualquer custo. É o que é chamado de “maximização do valor do acionista”.

Entre 2008 e 2017 a Vale distribuiu US$ 37,6 BILHÕES para acionistas. Entre 2014 e 2017, os gastos com “pilhas e barragens de rejeitos” foram reduzidos pela metade, de US$ 474 milhões para US$ 202 milhões. Em “saúde e segurança”, de US$ 359 milhões para US$ 207 milhões.

Segundo estudo da Secretaria da Previdência, de 2016, o setor mineral brasileiro matou 3 vezes mais trabalhadores do que qualquer outro setor no país. A OIT aponta que a mineração brasileira provocou de 2012 a 2018, 37.478 acidentes de trabalho.

Todo mundo viu o tamanho da tragédia socioambiental de Brumadinho. Todo mundo viu a escala de uma barragem de lixo da mineração. Além das responsabilidades criminais, devemos fazer justiça histórica e socioambiental. É preciso entender e denunciar esse modelo.

É preciso retomar o controle público da atividade mineral brasileira, reverter a privatização da Vale, estabelecer taxas e ritmos para a extração mineral. A reprimarização da economia brasileira é a consolidação de um estágio de tragédia socioambiental permanente. Precisamos mudar o sistema!

janeiro 25, 2021