A letalidade da Covid-19 é maior entre os negros no Brasil. Os dados mostram as desigualdades sociais e de raça do país. Negros são maioria entre os que vivem em condições precárias de moradia e que utilizam exclusivamente o SUS.
Negros representam também quase 1 em cada 4 dos brasileiros hospitalizados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (23,1%), mas chegam a 1 em cada 3 entre os mortos por Covid-19 (32,8%). Já com a população branca, a situação é oposta: o número de óbitos é menor do que o de internados.
A taxa de mortalidade do coronavírus é de 15,6 por 100 mil habitantes para os negros, superior à de 9,6 por 100 mil habitantes para os brancos. 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS são negros, e estes também são maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e doenças renais crônicas – todos considerados agravantes para o desenvolvimento de quadros mais graves da Covid-19.
Segundo levantamento da Agência Pública, em duas semanas, a quantidade de pessoas negras que morrem por Covid-19 no Brasil quintuplicou. De 11 a 26 de abril, mortes de pacientes negros subiram de pouco mais de 180 para mais de 930. E de acordo com dados do IBGE de 2019, dos 13,5 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza, 75% são pretos ou pardos. Quanto mais pobre é a faixa da população, maior é a porcentagem negra.
Trabalhadores negros são ainda maioria nas ocupações informais, totalizando 47,3% das pessoas ocupadas. Portanto, estão mais expostos à contaminação e sem acesso à renda.
Não precisamos de uma Princesa Isabel. Precisamos de políticas públicas que corrijam as desigualdades sociais e raciais da população brasileira, principalmente num momento em que essas injustiças se aprofundam.